quarta-feira, 31 de maio de 2017

PREPARA-TE PARA A PROVA DE AFERIÇÃO 5ºANO HGP

A MATÉRIA DE HGP 5ºANO
EM RESUMO...
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1 - A Península Ibérica: localização e quadro natural
As representações da Terra
Para representarmos o planeta Terra utilizamos, principalmente, o globo terrestre e o planisfério. O globo é a maneira mais fiel de o representar, apesar de a sua utilização ser pouco prática. O planisfério é um mapa que representa a Terra na totalidade, numa superfície plana. É de utilização fácil, mas tem o inconveniente de representar de forma plana uma realidade esférica.
Também existem mapas que representam apenas uma parte da superfície terrestre, como, por exemplo, o mapa da Europa ou o mapa de Portugal. Para a interpretação correta dos mapas é importante que existam cinco elementos fundamentais: o título, a legenda, a escala, a orientação e a fonte. O título refere o que está a ser representado no mapa. A legenda explica o significado de todas as cores e símbolos usados. A escala refere o número de vezes que a realidade foi reduzida para poder ser representada e pode ser numérica ou gráfica. A orientação indica a direção do Norte e é geralmente representada através de uma seta ou de uma rosa-dos-ventos.
Por sua vez, a rosa dos ventos é uma figura que indica os pontos cardeais (norte, sul, este e oeste) e os pontos colaterais (noroeste, nordeste, sudoeste e sudeste).
Para ajudar a localizar pontos na superfície terrestre, os geógrafos traçaram linhas imaginárias, como o Equador (que divide horizontalmente a Terra em duas partes iguais: o hemisfério norte e o hemisfério sul) ou o Meridiano de Greenwich, usado para medir distâncias e determinar o fuso horário dos países, entre outros elementos geométricos da esfera terrestre.

A localização da Península Ibérica
O planeta Terra tem uma forma esférica, ligeiramente achatada nos polos. Visto do espaço tem um aspeto azulado, porque cerca de 70% da sua superfície é constituída por água, presente nos mares e oceanos.
Existem cinco oceanos: o Oceano Atlântico, o Oceano Índico, o Oceano Pacífico, o Oceano Ártico e o Oceano Antártico, que rodeiam os seis continentes: a Europa, a Ásia, a África, a América, a Oceânia e a Antártida.
A Península Ibérica está localizada no hemisfério norte, no extremo sudoeste da Europa. É constituída por dois países: Portugal e Espanha. Os seus limites naturais são: a norte e a oeste o Oceano Atlântico; a sul o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo; a este o Mar Mediterrâneo; e a nordeste os Pirenéus (que são um istmo, isto é, a única ligação terrestre da Península Ibérica ao continente europeu).
A Península Ibérica tem uma posição estratégica relativamente aos continentes africano e americano, dos quais se encontra separada, respetivamente, pelo Estreito de Gibraltar e pelo Oceano Atlântico, que é uma importante via de comunicação.
O relevo da Península Ibérica
A superfície terrestre não é totalmente plana e apresenta várias formas, a que chamamos de relevo e que se distinguem, sobretudo, pela altitude, que pode ser negativa ou positiva.
As planícies, montanhas, planaltos e vales são as principais formas de relevo. As planícies são terrenos planos de pouca altitude. As montanhas são grandes elevações de terreno, de altitude elevada, e agrupam-se em serras e cordilheiras. Os planaltos são terrenos planos situados a média ou alta altitude; como o próprio nome indica, são terrenos planos em pontos altos. Os vales são terrenos situados entre duas áreas mais elevadas e, por norma, são o local de passagem de um rio.
Uma das formas de representar o relevo é através de mapas hipsométricos. Nesses mapas, os locais de menor altitude são assinalados a verde e a amarelo e os locais com maior altitude surgem com vários tons de castanho.
A Península Ibérica é uma região de relevo bastante acidentado. No Norte, destaca-se a Meseta Ibérica, que é um extenso planalto, rodeado e atravessado pela Cordilheira Cantábrica e pelos Pirenéus; a Cordilheira Central e a Cordilheira Ibérica destacam-se no Centro; e a Cordilheira Bética no Sul. As principais planícies localizam-se junto à costa.
Em Portugal, o relevo é mais acidentado no Norte e Centro, enquanto que no Sul e junto ao Litoral predominam as planícies. O ponto mais alto de Portugal continental é a Serra da Estrela.

O clima da Península Ibérica
O estado de tempo é o estado da atmosfera num determinado lugar e momento e é a Meteorologia que estuda as suas variações. O clima é o conjunto das condições atmosféricas que habitualmente se registam numa região ou país. Para conhecer o clima de uma região é necessário recolher diariamente informações sobre a temperatura, a precipitação e o vento durante, pelo menos, trinta anos.
Para quantificar esses elementos do clima são utilizados vários instrumentos, nomeadamente: o termómetro, para medir a temperatura; o pluviómetro, para medir a precipitação; e o anemómetro, para medir a velocidade do vento.
O clima é influenciado pela localização de cada uma das áreas geográficas do planeta Terra. Existem três zonas climáticas: a zona quente (mais perto do Equador); as zonas frias (junto aos polos); e as zonas temperadas (situadas entre as zonas frias e quente).
A Península Ibérica situa-se na zona temperada do Norte. Nesta região, o clima varia ao longo do ano, distinguindo-se quatro estações: a primavera, o verão, o outono e o inverno.
Para além da zona climática, existem outros fatores que influenciam o clima, tais como a altitude e a proximidade ou afastamento do mar. É por isso que na Península Ibérica existem variações climáticas.
De acordo com as temperaturas e a precipitação, na Península Ibérica distinguimos três zonas climáticas: a zona atlântica, a zona interior e a zona mediterrânica. A zona atlântica, no Norte e Noroeste, apresenta um clima marítimo, muito chuvoso, principalmente no inverno, e as temperaturas são, por norma, amenas, tanto no inverno como no verão. A zona interior apresenta um clima temperado continental, com verões quentes e invernos frios e secos. A zona mediterrânica, no Sul, tem um clima temperado mediterrânico, pouco chuvoso, com verões quentes e invernos mais amenos.

Os rios da Península Ibérica
Os principais rios da Península Ibérica são o Douro, o Tejo, o Guadiana, o Guadalquivir e o Ebro. Todos eles desaguam no Oceano Atlântico, exceto o rio Ebro, que desagua no Mar Mediterrâneo. Isto acontece porque a maioria do relevo ibérico orienta-se de este para oeste, fazendo com que os rios corram nesse sentido.
O rio Tejo tem a maior extensão, enquanto o rio Douro tem um caudal maior, isto é, transporta uma maior quantidade de água, porque fica localizado numa zona de maior precipitação.
Em Portugal continental, destacam-se os rios Minho, Douro, Mondego, Tejo e Guadiana. Alguns rios, como o Douro, o Tejo e o Guadiana, nascem em Espanha e desaguam em Portugal e, por isso, são designados de rios luso-espanhóis. Os rios nacionais são os que correm apenas em território português. O rio Mondego é o maior rio português; nasce na Serra da Estrela e desagua na Figueira da Foz.
Em todos estes rios principais, desaguam outros rios mais pequenos – os rios afluentes. O rio principal e os seus afluentes formam uma rede hidrográfica, que, por sua vez, compõe a bacia hidrográfica.

A vegetação da Península Ibérica
 A vegetação natural de uma região é formada por todas as plantas que nascem sem intervenção humana. É influenciada pela qualidade do solo, pelo clima e pelo relevo da região.
A vegetação natural da Península Ibérica varia de acordo com as regiões. No Norte e Noroeste, zona mais fresca e chuvosa, a vegetação é verdejante, predominando as espécies de folha caduca (que perdem a folhagem na estação fria), como o carvalho e o castanheiro. A esta região chamamos de Ibéria Húmida. No Sul e Interior, região mais quente e seca, a vegetação é constituída, maioritariamente, por espécies de folha persistente (que conservam a folha durante todo o ano), como o sobreiro, a azinheira e o pinheiro manso. A esta região damos o nome de Ibéria Seca.
Todavia, ao longo dos tempos, o ser humano tem alterado a vegetação natural ao destruir florestas para construir casas, estradas, cultivar campos... Os incêndios e a poluição são também causadores da sua destruição. Para se salvaguardar e preservar a vegetação natural são construídos parques e reservas naturais. Proteger as espécies deste tipo de vegetação deve ser uma obrigação de todos nós.


Os arquipélagos da Madeira e dos Açores
Portugal, para além do território continental, é constituído pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores, que são dois conjuntos de ilhas situados em pleno Oceano Atlântico.
O arquipélago da Madeira fica situado a sudoeste de Portugal continental e é composto pelas ilhas da Madeira, de Porto Santo e por dois grupos de ilhas desabitadas: as Desertas e as Selvagens. Como o arquipélago é de origem vulcânica, o relevo é montanhoso, com costas altas, vales estreitos e profundos. A ilha da Madeira é dividida ao meio por uma cordilheira central. Por sua vez, a ilha de Porto Santo apresenta um relevo menos acidentado, sendo os cursos de água existentes pouco extensos, por isso têm o nome de ribeiras. No entanto, nos meses chuvosos de inverno as suas águas são torrenciais.
O clima do arquipélago é influenciado pelo Oceano Atlântico, pela proximidade do continente africano e pelo seu relevo, apresentando temperaturas amenas, tanto no inverno como no verão. Contudo, devido ao relevo, distinguem-se duas regiões climáticas na ilha da Madeira: a vertente Norte, onde as chuvas são frequentes e as temperaturas mais baixas; e a vertente Sul, onde as chuvas são pouco frequentes e as temperaturas mais elevadas. Relativamente à vegetação natural, quando os Portugueses chegaram à ilha, no século XV, encontraram uma vegetação muito densa, constituída por dragoeiros, loureiros, urzes, giestas, entre outras plantas, que formam a floresta laurissilva.
O arquipélago dos Açores localiza-se a oeste de Portugal continental e é formado por nove ilhas: o Corvo e as Flores, no grupo ocidental; S. Miguel, Santa Maria e os ilhéus das Formigas no grupo oriental; a Graciosa, S. Jorge, Terceira, Faial e o Pico no grupo central.
As ilhas dos Açores também são de origem vulcânica, mas, ao contrário da Madeira, no arquipélago açoriano o vulcanismo ainda está ativo, continuando a existir, hoje em dia, erupções e sismos. O relevo é muito montanhoso, os vales são profundos e as costas são altas, de arriba. É na ilha do Pico que se situa o ponto mais alto do território português: a montanha do Pico.
Os cursos de água são pouco extensos, formando ribeiras que no inverno chegam a ter caudais torrenciais. Nas crateras dos vulcões já extintos formaram-se lagoas, como a Lagoa das Sete Cidades e a Lagoa do Fogo em S. Miguel.
O clima dos Açores é influenciado pelos ventos húmidos do Oceano Atlântico, com chuvas abundantes ao longo de todo o ano, embora sejam menos intensas no verão. As temperaturas são amenas e variam pouco ao longo das estações do ano. A sua vegetação natural é constituída por loureiros, cedros e faias, entre muitas outras plantas. A humidade constante em todas as ilhas explica a existência de vastos prados verdejantes.




2 – A Península Ibérica: dos primeiros povos à formação de Portugal
As primeiras comunidades humanas da Península Ibérica
Há muitos milhares de anos, numa época em que a Terra estava coberta de glaciares, chegaram à Península Ibérica os primeiros grupos humanos, vindos do Norte de África.
Estas primeiras comunidades humanas dependiam do que a Natureza lhes oferecia. Praticavam a caça, a pesca e a recoleção, isto é, a recolha de frutos, raízes e folhas que cresciam espontaneamente. Quando os alimentos começavam a faltar, os grupos tinham de se deslocar para outras áreas e, por isso, não viviam sempre no mesmo lugar: eram nómadas. Abrigavam-se em cavernas naturais ou em abrigos que construíam e, para se protegerem do frio, cobriam-se com peles de animais.
Os membros destas comunidades recoletoras já produziam o fogo, que era utilizado para aquecer e iluminar as grutas, cozinhar os alimentos e afugentar os animais ferozes que os ameaçassem. Também produziam instrumentos feitos com pedra, madeira, osso e chifre. Esses instrumentos, como os bifaces, as lanças e os machados, facilitavam as tarefas quotidianas.
Estes primeiros grupos humanos desenvolveram também a linguagem, que foi fundamental para a sua sobrevivência, e as primeiras manifestações artísticas. A arte rupestre e a arte parietal consistiam em pinturas e gravuras de animais e cenas de caça, realizadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos ou mesmo em superfícies rochosas ao ar livre.

As primeiras comunidades agropastoris da Península Ibérica
Há cerca de 10 000 anos, o clima tornou-se mais ameno e verificaram-se alterações na vegetação e o surgimento de novos animais, que modificaram o estilo de vida das comunidades humanas.
A vida destas comunidades melhorou consideravelmente quando os seus membros descobriram que, se lançassem sementes à terra, podiam obter mais alimento, desenvolvendo assim a agricultura. Para ajudar no cultivo da terra, desenvolveram novos instrumentos, como a enxada e a foice. Passaram também a criar e a domesticar animais, dedicando-se à pastorícia. Nesta época surgiram também novas técnicas, como a tecelagem, a cerâmica, a cestaria e a moagem de cereais.
Graças à agricultura e à pastorícia, os seres humanos fixaram-se num só local, tornando-se sedentários. As casas passaram a ser construídas com materiais mais resistentes, como a madeira, o barro ou a pedra, e formaram-se os primeiros aldeamentos no cimo dos montes ou, geralmente, próximos de rios, onde os terrenos eram mais férteis.
As comunidades agropastoris já prestavam culto aos seus mortos, construindo monumentos funerários, como os dólmens ou antas. Também erguiam outros monumentos megalíticos, como os menires e os cromeleques, onde, provavelmente, faziam rituais em honra das forças da Natureza.


Os povos mediterrânicos na Península Ibérica
Entre 1000 a. C. e 500 a. C., as riquezas naturais da Península Ibérica, como o ouro, a prata e o cobre, atraíram outros povos, que viviam, sobretudo, do comércio feito através do Mar Mediterrâneo.
Primeiro chegaram os Fenícios, povo originário da Fenícia, junto ao Mediterrâneo Oriental. A sua principal atividade económica era o comércio marítimo. Para facilitar o comércio, inventaram um sistema simplificado de escrita com 22 letras que correspondiam a sons e formavam as palavras: o alfabeto. Esta escrita era mais fácil de aprender do que os sistemas já usados e acabou por ser utilizada por outros povos.
Os Gregos, povo de marinheiros e comerciantes vindo da Grécia, estabeleceram-se também em algumas cidades no Sul da Península, tendo introduzido a moeda para facilitar as trocas comerciais.
Os Cartagineses, originários de Cartago (no Norte de África), fabricavam tecidos e objetos em vidro, para além de se dedicarem ao comércio. Quando contactaram com os povos da Península Ibérica, ensinaram-lhes a técnica de conservação de alimentos em sal.
Todos estes povos, para além dos seus contributos técnicos e culturais que enriqueceram as culturas peninsulares, deixaram inúmeros vestígios da sua presença, que são estudados por arqueólogos e constituem documentos históricos que nos permitem conhecer melhor a vida dos nossos antepassados.

Os Romanos na Península Ibérica
Os Romanos, povo oriundo da cidade de Roma, situada na Península Itálica, conquistaram um vasto Império à volta do Mar Mediterrâneo graças ao seu poderoso exército. Em 218 a. C. chegaram à Península Ibérica, atraídos pelas suas riquezas, sobretudo o ouro e a prata. A sua conquista foi difícil, pois alguns povos procuraram resistir, nomeadamente, os Lusitanos. Só passados quase 200 anos é que todo o território peninsular caiu nas mãos dos Romanos, já no século I a. C.
Os Romanos permaneceram na Península Ibérica cerca de 700 anos. Durante esse período, influenciaram muito o modo de vida dos habitantes desta região ao transmitirem-lhes a sua cultura, nomeadamente a língua, a religião e os seus costumes. A este longo processo de influência chamamos romanização, que foi conseguida através de vários meios, como o exército, que mantinha a ordem e a segurança em todo o território; o latim, que passou a ser a língua oficial e falada em todo o Império; o Direito Romano, ou seja, o conjunto de leis que todos os habitantes deviam respeitar; a construção de estradas e pontes, que facilitavam a circulação de mercadorias e de pessoas; a fundação de cidades que imitavam Roma, com os seus teatros, fóruns, templos, termas e aquedutos; e, por fim, a moeda, que facilitava as trocas comerciais.
Atualmente, ainda podemos contemplar vestígios da presença romana na Península Ibérica, devido, sobretudo, à resistência e durabilidade das construções.

O Cristianismo na Península Ibérica
O Cristianismo é uma religião fundada por Jesus Cristo durante a época romana, há mais de 2000 anos. A mensagem de Jesus Cristo foi revolucionária para a época: defendia valores como o amor, a fraternidade e a igualdade de todos perante Deus, cativando muitas pessoas. Por isso, foi considerado um agitador e condenado à morte, sendo crucificado em Jerusalém.
Após a morte de Jesus Cristo, a mensagem cristã continuou a ser difundida pelos apóstolos e seus seguidores. Muitos Cristãos foram perseguidos pelas autoridades romanas, pois os seus princípios contradiziam o culto imperial e o culto aos deuses romanos, mas, mesmo assim, a nova religião não parou de se difundir.
Em 313, o imperador Constantino deu liberdade de culto aos Cristãos. Mais tarde, em 380, o imperador Teodósio declarou o Cristianismo religião oficial do Império Romano. Atualmente, esta religião continua a ser uma das maiores do mundo. A sua importância é tal que os anos passaram a ser contados a partir do nascimento de Jesus Cristo, dando origem à “era cristã”.

Os Visigodos na Península Ibérica
No século V, o Império Romano passava por uma grande crise e não conseguiu impedir que alguns povos do Norte e Centro da Europa, atraídos pelas riquezas do território e para fugir à instabilidade vivida nos seus locais de origem, invadissem as suas fronteiras. As invasões desses povos, que os Romanos chamavam de “bárbaros”, contribuíram para o fim do Império Romano no Ocidente da Europa.
Formaram-se, assim, vários reinos no espaço que tinha pertencido ao Império Romano. Na Península Ibérica surgiram o Reino dos Suevos e o Reino dos Visigodos. Mas os Visigodos acabaram por vencer os Suevos e anexaram o seu território, formando um só reino que durou quase 300 anos. Como a cultura romana era mais desenvolvida e os Visigodos estavam em minoria, acabaram por se misturar com as populações que já existiam na Península Ibérica e adotaram os costumes romanos, como a língua e a religião cristã. 

O Muçulmanos na Península Ibérica
Os Árabes, povo oriundo da Península Arábica, na Ásia, viviam como nómadas em tribos, praticando a pastorícia e o comércio. No século VII, Maomé, um dos membros dessas tribos, começou a pregar uma nova religião que adorava um único Deus, Alá, de quem dizia ser seu profeta, ou seja, mensageiro. Fundou assim o Islamismo, uma nova religião, cujos seguidores são denominados de Muçulmanos.
Os princípios do Islamismo estão reunidos no Alcorão ou Corão. São eles: crer em Alá e no seu profeta Maomé; rezar 5 vezes por dia, voltado para Meca; fazer jejum durante o Ramadão; dar esmola aos pobres; e ir em peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida.
Unidos pela fé, os Árabes começaram a conquistar novas terras, em busca de riquezas, terras férteis e para expandir a sua religião. Formaram assim um vasto Império, desde a Ásia até ao Norte de África. Em 711, invadiram o Reino dos Visigodos na Península Ibérica e, em dois anos, conseguiram dominar praticamente todo o território peninsular, com exceção de uma pequena região montanhosa no Norte: as Astúrias. O território da Península Ibérica ocupado pelos Muçulmanos designava-se Al-Andalus.
Os Muçulmanos fizeram acordos com os Cristãos que lhes permitiam preservar a sua religião e costumes. No entanto, alguns Cristãos iniciaram a resistência ao domínio muçulmano, lutando para reconquistar os territórios que tinham perdido. Iniciou-se, assim, a Reconquista Cristã, que durou cerca de 800 anos.

A herança muçulmana na Península Ibérica
A presença muçulmana na Península Ibérica deixou marcas culturais que ainda hoje são visíveis, principalmente no Sul, onde os Muçulmanos permaneceram mais tempo e onde desenvolveram importantes cidades como Lisboa, Mértola, Silves, Córdova e Granada. Nessas cidades construíram casas, palácios, castelos e mesquitas decorados com azulejos e mosaicos.
Na agricultura introduziram novas plantas, como o arroz, e árvores de fruto, como a laranjeira, o limoeiro, a amendoeira e a figueira, e criaram novos sistemas de rega. Desenvolveram também várias indústrias artesanais e deixaram-nos importantes conhecimentos nos domínios da Medicina, da Matemática, da Astronomia e da navegação. Na língua portuguesa, cerca de 600 palavras têm origem árabe. Deram-nos ainda a conhecer os algarismos árabes, o papel, a pólvora e a bússola.

A Reconquista Cristã
Após a invasão muçulmana em 711, alguns Cristãos, principalmente os nobres, refugiaram-se nas Astúrias, onde se organizaram para a resistência aos Muçulmanos.
Em 722 o exército comandado por Pelágio conseguia a sua primeira vitória na Batalha de Covadonga, conseguindo formar o Reino das Astúrias. Esta batalha marcou o início da Reconquista Cristã, ou seja, a luta dos Cristãos contra os Muçulmanos para recuperar o território perdido.
A Reconquista Cristã foi um processo lento, feito de Norte para Sul, marcado por avanços e recuos, concluído apenas em 1492, com a conquista do Reino de Granada, no Sul de Espanha. No entanto, durante os 800 anos da presença muçulmana, os intervenientes deste conflito nem sempre estiveram em guerra. Houve períodos de paz, em que Cristãos e Muçulmanos viveram de forma amigável, trocando conhecimentos e costumes entre si e mostrando uma grande tolerância religiosa. Atualmente podemos visitar alguns vestígios da arquitetura militar da Reconquista em Portugal, como o castelo de Almourol, entre vários outros exemplos.

O Condado Portucalense
À medida que a Reconquista Cristã foi avançando, com vitórias e derrotas para ambos os lados, formaram-se novos reinos. No século XI já existiam cinco reinos cristãos na Península Ibérica: Leão, Castela, Navarra, Aragão e o Condado da Catalunha.
Na luta contra os Muçulmanos, os reis cristãos pediram ajuda ao Papa e a outros reinos europeus, que enviaram cavaleiros. Esses cavaleiros eram os cruzados, dos quais se destacaram D. Raimundo e D. Henrique, dois fidalgos franceses. Para os recompensar pelos serviços prestados, o rei de Leão e Castela, Afonso VI, concedeu-lhes o direito de casar com as suas filhas e ofereceu um condado a cada um. D. Raimundo casou com D. Urraca e recebeu o Condado da Galiza. Por sua vez, D. Henrique casou com D. Teresa e ficou com o Condado Portucalense. Em contrapartida, os dois cavaleiros juraram fidelidade e obediência a Afonso VI.
Durante o seu governo, o conde D. Henrique continuou a Reconquista Cristã, tentando alargar o seu território para sul, e procurou obter autonomia, lutando pela independência do Condado.

Do Condado Portucalense ao Reino de Portugal
Após a morte de D. Henrique, D. Teresa assumiu o governo do Condado Portucalense, pois o seu filho, D. Afonso Henriques, era ainda muito pequeno. No entanto, D. Teresa, para além de ter ligação familiar com o reino de Leão e Castela, era muito influenciada por alguns nobres galegos, o que colocava em causa a independência do Condado.
Quando D. Afonso Henriques cresceu, apoiado pelos nobres portucalenses, combateu contra o exército de sua mãe D. Teresa, tentando continuar a luta de seu pai pela autonomia do Condado Portucalense. Em 1128, saiu vitorioso da Batalha de S. Mamede e passou a governar o Condado. Tinha dois grandes objetivos: aumentar o seu território e obter a independência. Por isso, lutou contra os Mouros, alcançando várias vitórias que lhe permitiram alargar as fronteiras do território portucalense, e contra o rei de Leão e Castela, Afonso VII.
Em 1143, D. Afonso Henriques assinou o Tratado de Zamora, através do qual Afonso VII o reconheceu como rei de Portugal, embora continuasse a dever-lhe obediência. Desta forma, o Condado Portucalense tornou-se Reino de Portugal, governado por uma monarquia hereditária.
Para assegurar a sua independência, D. Afonso Henriques precisava ainda de ser reconhecido como rei pela Igreja, o que aconteceu apenas em 1179, quando o Papa Alexandre III, através da Bula Manifestis Probatum, reconheceu Afonso Henriques como rei e Portugal como um reino independente.
Em 1185, quando D. Afonso Henriques morreu, as fronteiras tinham já alargado para sul até ao Tejo e uma parte do Alentejo. Os seus sucessores continuaram a Reconquista até ao Algarve, o que ficou concluído em 1249, no reinado de D. Afonso III. Mais tarde, em 1297, D. Dinis assinou o Tratado de Alcanises com o rei de Leão e Castela, fixando as fronteiras entre os dois reinos. Portugal foi assim o primeiro reino da Europa com as fronteiras definidas, as mesmas que permanecem, praticamente, até hoje!



3 – Portugal do século XIII ao século XVII
A exploração da terra e do mar, o artesanato e co comércio
Após o fim da Reconquista, as atividades económicas do reino desenvolvem-se devido ao estímulo dado à produção através de várias medidas tomadas pelos reis.
A agricultura era a principal atividade da população e praticava-se nas terras mais férteis. Todavia, as técnicas agrícolas eram rudimentares e a produção variava de acordo com o clima. As principais produções eram os cereais, o vinho, o azeite, os legumes e as frutas. Juntamente com a agricultura, praticava-se a criação de animais; obtinha-se, assim, carne, leite, lã e couro.
A exploração florestal era outra atividade importante, uma vez que permitia obter muitos produtos, como a lenha, a cortiça, o mel, a cera e os frutos silvestres. Era também nos bosques e nas florestas que se praticava a caça.
Nos rios e no mar praticava-se a pesca, de onde se retirava grande variedade de peixes. Por sua vez, a salicultura consistia na extração do sal, muito utilizado para conservar os alimentos.
Através das matérias-primas obtidas da Natureza e de outras atividades, produzia-se artesanalmente o vestuário, o calçado e outros objetos necessários no dia a dia. A produção artesanal era feita, principalmente, por artesãos que viviam nas cidades.
Com o clima de paz e o aumento da produção interna, o comércio também se desenvolveu e passou a ser a atividade que gerava mais lucro, assistindo-se ao aumento do uso da moeda. O comércio interno era feito por almocreves, pequenos vendedores ambulantes; mas no século XIII desenvolveram-se as feiras e mercados. Os reis cobravam impostos aos feirantes, por isso, criavam feiras nas cidades mais importantes, através de um documento chamado carta de feira. Já o comércio externo, ou seja, as trocas feitas entre Portugal e outros reinos, era geralmente feito por mar. Lisboa era o principal porto marítimo que fazia a ligação entre as rotas comerciais que vinham do Oceano Atlântico e as rotas mediterrânicas. Os reis apoiaram os mercadores que faziam o comércio externo e assinaram tratados de comércio com outros reinos. Nessa altura exportava-se, sobretudo, vinho, sal, azeite, mel, peles e peixe seco e importava-se cereais, metais, tecidos, armas e produtos de luxo.
Com o desenvolvimento do comércio, as cidades cresceram e a população urbana aumentou, sendo necessário construir novas muralhas.

A sociedade medieval portuguesa nos séculos XIII e XIV
A população portuguesa no século XIII era constituída por três grupos sociais: a nobreza, o clero e o povo. Todos deviam obediência ao rei.
A nobreza e o clero eram os grupos privilegiados: eram ricos, o rei doava-lhes terras, não pagavam impostos e tinham leis próprias; contrariamente ao povo, que não tinha privilégios, mas muitas obrigações, e era, por isso, o grupo social não privilegiado.
A principal função da nobreza era servir o rei na guerra e na defesa das populações. O clero dedicava-se ao serviço religioso, ao ensino e à assistência aos pobres e doentes. O povo constituía a maior parte da população; trabalhava e pagava impostos ao rei, à nobreza e ao clero e, na sua maioria, era constituído por camponeses que trabalhavam nas terras dos grandes senhores.
As terras dos senhores nobres e do clero eram denominadas de senhorios, dentro dos quais tinham muitos poderes: cobravam os impostos aos camponeses, aplicavam a justiça e recrutavam os homens para a guerra. Os senhorios tinham um castelo ou uma casa senhorial onde vivia o senhor, a sua família e a sua corte. À sua volta situavam-se os campos agrícolas e as aldeias dos camponeses, existindo sempre por perto um moinho, um lagar e um forno, bem como bosques e florestas.
Era muito difícil melhorar a condição social nesta época… No entanto, alguns artesãos e comerciantes, que enriqueceram devido ao desenvolvimento económico dos séculos XII e XIII, passaram a ter um estatuto próprio, diferente do resto do povo, formando a burguesia.

Os concelhos nos séculos XIII e XIV
Para além dos senhorios, existiam os concelhos, criados pelos reis ou senhores através da carta de foral.
Na carta de foral registavam-se os direitos e deveres dos vizinhos, que eram os moradores de um concelho. Os vizinhos tinham mais autonomia e regalias do que os habitantes de um senhorio. Só pagavam os impostos que ficavam definidos na carta de foral, podiam ser proprietários de algumas terras, elegiam uma assembleia de homens bons para resolver os problemas da comunidade e escolhiam os juízes.
Para melhor administrar o reino, o rei não morava sempre no mesmo local. Deslocava-se por cidades e vilas. Acompanhavam-no a família real, criados e servidores, os funcionários régios e conselheiros, membros da nobreza e do clero que formavam a corte régia e eram chamados de cortesãos. Ajudavam o rei na governação e, nos tempos livres, organizavam torneios, caçadas, banquetes e saraus animados por trovadores e jograis.
Quando o rei precisava de tomar decisões mais importantes, convocava as Cortes, que eram assembleias constituídas por representantes da nobreza, do clero e, mais tarde, do povo, que o aconselhavam.

A cultura medieval na Idade Média
Nos séculos XIII e XIV as pessoas eram muito religiosas e supersticiosas. A maioria da população era analfabeta e a ciência estava muito atrasada, por isso os fenómenos da Natureza, como as tempestades que destruíam as colheitas, eram vistas como castigos de Deus ou obra do Diabo...
Os nobres e as gentes do povo praticavam tipos de cultura diferentes. A cultura popular era transmitida oralmente de pais para filhos, principalmente através de contos, lendas e canções. A vida do povo era muito dura e eram raros os momentos de distração, que estavam muitas vezes associados à religião, como a ida à missa, às procissões e às romarias. A cultura cortesã desenvolvia-se na corte do rei e nas casas dos grandes senhores nobres. Aí realizavam-se banquetes e saraus, animados por trovadores e jograis. Dançava-se, ouviam-se canções de amor e histórias de bravos cavaleiros. Para além de serem uma forma de divertimento, estes saraus eram também uma forma de obter conhecimento. O rei D. Dinis desempenhou um papel de destaque na cultura, ao criar a primeira universidade portuguesa, o “Estudo Geral”, e ao tornar a língua portuguesa a língua oficial do reino.
A arte também se desenvolveu. Durante a Reconquista Cristã surgiu a arte românica. Como os tempos eram de guerra, as construções românicas têm um aspeto de fortalezas, com paredes muito grossas e poucas janelas. Apresentam algumas técnicas de construção romanas, como o arco de volta perfeita e a abóbada de berço. Os edifícios eram decorados com esculturas e pinturas nas paredes interiores.
Com o fim da Reconquista e o desenvolvimento do comércio, surgiu um novo estilo artístico: o gótico. Estas construções são muito altas, dando a sensação de verticalidade, e as suas paredes são finas, com grandes janelas e rosáceas, dando aos edifícios um aspeto luminoso. Apresentam novas técnicas de construção, como os arcos quebrados e a abóbada em ogiva. Como elementos decorativos góticos, destacam-se os pináculos, as esculturas e os vitrais coloridos nas janelas.

A Europa no século XIV
No século XIV, a população europeia viveu um período de dificuldades económicas, sociais e políticas. Várias guerras de longa duração envolveram inúmeros reinos europeus, provocando destruição e morte.
Uma sucessão de anos frios e chuvosos fez diminuir as colheitas e os preços dos produtos aumentaram. A população mais pobre passou fome e, mal alimentada, ficou sujeita a doenças. De entre as doenças, destacou-se a Peste Negra, uma epidemia vinda da Ásia, que matou cerca de um terço da população europeia. As más condições de higiene e a insuficiência de cuidados médicos facilitaram a sua rápida propagação. A falta de condições de vida levou ao aumento dos mendigos e criminosos.
O descontentamento popular manifestou-se através de revoltas contra os nobres e alguns grandes mercadores. Aumentou também o clima de intolerância e o fanatismo religioso. Os Judeus, por exemplo, foram acusados de terem envenenado os poços de água, sendo apontados como os responsáveis pela Peste Negra. Foram, por isso, perseguidos.

A crise de sucessão de 1383-1385 e a consolidação da independência portuguesa
No reinado de D. Fernando, Portugal esteve por três vezes em guerra com Castela, tendo sido vencido, o que agravou a crise do reino, atingido pela Peste Negra em 1348.
Em 1383, D. Fernando assinou o Tratado de Salvaterra de Magos com Castela, que estabelecia que D. Beatriz, a sua única filha e herdeira, casaria com João I de Castela e o seu filho iria herdar os dois tronos quando completasse 14 anos. Após a morte de D. Fernando, a rainha D. Leonor Teles, sua esposa, assumiu a regência e aclamou D. Beatriz como rainha de Portugal, desrespeitando o que estava definido no Tratado. A maioria da nobreza e do clero apoiou esta decisão, mas o povo e a burguesia receavam que Portugal perdesse a sua independência e apoiavam D. João, Mestre da Ordem de Avis e meio irmão de D. Fernando.
Iniciou-se então uma conspiração contra a rainha. O Mestre de Avis entrou no Paço Real e assassinou o Conde Andeiro, conselheiro de D. Leonor e defensor dos interesses castelhanos.
A população aclamou o Mestre como «Regedor e Defensor do Reino». Com receio, D. Leonor Teles fugiu para Santarém e pediu auxílio a João I de Castela, que invadiu Portugal. O exército português, comandado por D. Nuno Álvares Pereira, venceu as tropas castelhanas na Batalha dos Atoleiros. Pouco depois, os Castelhanos cercaram Lisboa que, no entanto, resistiu com valentia.
Em 1385, neste ambiente de guerra, foram reunidas as Cortes de Coimbra para resolver o problema da sucessão. A argumentação do Dr. João das Regras, um especialista em leis que defendeu o direito de D. João, Mestre de Avis ao trono, conseguiu convencer os presentes, que o aclamaram como rei, dando início à dinastia de Avis.
O rei de Castela não aceitou esta decisão e voltou a invadir Portugal. No entanto, foi derrotado na Batalha de Trancoso e, mais tarde, na Batalha de Aljubarrota a 14 de agosto de 1385. A vitória portuguesa ficou a dever-se à tática do quadrado, utilizada por D. Nuno Álvares Pereira. Graças a essa vitória, a independência nacional e a nova dinastia consolidaram-se. Para celebrar a vitória, o rei mandou construir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha.
D. João I recompensou aqueles que o tinham apoiado: atribuiu títulos de nobreza e terras a alguns burgueses, criando assim uma nova nobreza, e retirou privilégios e terras aos nobres e membros do clero que tinham defendido D. Beatriz. No exterior, o rei procurou novos aliados, tendo assinado um tratado de amizade com Inglaterra e casado com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre.

As motivações e condições para a expansão marítima portuguesa
No século XV, os europeus tinham um conhecimento muito limitado do mundo. Apenas conheciam a Europa, a África do Norte e parte da Ásia. Sobre o mundo desconhecido contavam-se histórias e lendas... Acreditava-se na existência de um mar tenebroso, com grandes ondas e monstros marinhos que engoliam os barcos. As terras longínquas, segundo estas lendas, eram povoadas por seres fantásticos e essas histórias faziam com que os homens tivessem medo de se aventurarem por sítios desconhecidos…
Naquela época, Portugal estava em paz, mas continuava a enfrentar dificuldades económicas. Faltavam cereais, metais preciosos, matérias-primas e mão de obra. Para resolver a crise, os Portugueses ultrapassaram os obstáculos criados pelas lendas e aventuraram-se pelo mar, iniciando a expansão marítima para alargar o seu território. D. João I pretendia resolver os problemas económicos do reino e afirmar a nova dinastia; a nobreza queria obter mais terras, cargos e benefícios; o clero queria expandir a fé cristã; a burguesia desejava aumentar os seus lucros, obter novos mercados e comercializar novos produtos; o povo esperava melhorar as suas condições de vida.

Este movimento de expansão foi possível porque o reino reunia uma série de condições propícias: tinha uma extensa costa marítima, com bons portos naturais e uma localização no sudoeste da Europa, próxima de África; estava em paz e tinha as fronteiras definidas; os seus marinheiros possuíam uma grande experiência no mar, devido à prática ancestral da pesca e do comércio marítimo. A nível técnico e científico, o contacto com judeus e árabes tinha transmitido o conhecimento de vários instrumentos e técnicas de navegação. Os Portugueses também aperfeiçoaram a construção naval, desenvolvendo um novo tipo de embarcação: a caravela. Esses conhecimentos permitiram navegar em mar alto através da navegação astronómica, que é a técnica de navegação orientada pelos astros.

Os rumos da expansão quatrocentista
A expansão marítima portuguesa teve início no reinado de D. João I em 1415, com a conquista de Ceuta. Esta cidade do Norte de África era controlada pelos Muçulmanos e possuía muitas riquezas: ouro, escravos, cereais e especiarias vindas do Oriente. A conquista foi um sucesso, mas não conseguiu resolver os problemas que Portugal enfrentava, porque Ceuta era constantemente atacada pelos Mouros e Portugal tinha mais despesas do que lucros com a manutenção da cidade.
Assim, os Portugueses decidiram aventurar-se em direção a outros destinos, mais a sul. Estas viagens foram planeadas pelo Infante D. Henrique. Durante as suas descobertas, os Portugueses chegaram aos arquipélagos da Madeira e aos Açores e Gil Eanes conseguiu dobrar o Cabo Bojador em 1434. Em 1460, os Portugueses já tinham chegado à Serra Leoa.
Depois da morte do Infante, D. Afonso V arrendou a exploração da costa africana a Fernão Gomes, por um período de cinco anos. O rei continuou a combater os Muçulmanos no Norte de África, tendo conquistado as cidades de Arzila, Tânger e Alcácer Ceguer.
Por sua vez, o príncipe D. João, futuro D. João II, tinha grande interesse pela continuação da expansão. O sonho era chegar à Índia por mar. Continuou, por isso, a exploração na costa africana e, em 1488, Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, descobrindo a passagem para o Oceano Índico.
Entretanto, os reis de Castela também queriam alargar o seu território. Ao seu serviço, o navegador Cristóvão Colombo desembarcou nas Antilhas, ilhas da América Central, julgando ter chegado à Índia. D. João II informou que, de acordo com o Tratado de Alcáçovas (assinado em 1479), essas terras pertenciam ao reino português, originando um conflito entre os dois reinos, resolvido em 1494, através da assinatura de um novo tratado: o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo em duas partes (uma para Portugal e outra para Castela).
O caminho marítimo para a Índia foi descoberto apenas no reinado de D. Manuel I. A armada, comandada por Vasco da Gama, chegou a Calecute em 1498 e tinha como missão fazer o comércio das especiarias. As negociações com os chefes da Índia não foram fáceis e, poucos meses após Vasco da Gama ter regressado a Lisboa, o rei D. Manuel enviou uma poderosa armada, dirigida por Pedro Álvares Cabral, para impor a presença dos Portugueses no Oriente. No entretanto, durante a viagem, a armada desviou-se da rota e acabou por descobrir o Brasil em 1500, ao qual chamaram Terra de Vera Cruz.
No século XVI, os Portugueses controlavam o comércio de especiarias, que iam buscar à Índia e transportavam em naus até Lisboa, sendo depois vendidas para o resto da Europa a preços muito elevados. Esta rota era chamada de “Carreira da Índia”.
Em 1519, Fernão de Magalhães, ao serviço dos reis de Castela, concluiu a primeira viagem de circum-navegação, provando que a Terra é esférica.

O Império Português e a Lisboa quinhentista
Com a expansão marítima, Portugal formou um vasto império, formado pelos arquipélagos atlânticos e territórios africanos, asiáticos e americanos.
Os arquipélagos dos Açores e da Madeira eram desabitados quando os Portugueses os descobriram. Para os colonizar, o Infante D. Henrique dividiu-os em capitanias, entregues ao governo de capitães-donatários, que deveriam atrair colonos e desenvolver economicamente o seu território.
Na Madeira desenvolveram a extração de madeira, a pesca e a agricultura, com o cultivo do trigo, da cana-de-açúcar e da vinha. Nos Açores desenvolveram a criação de gado e a agricultura, com a plantação de trigo, da cana-de-açúcar e de plantas tintureiras. Os lucros da exportação destes produtos foram importantes para o avanço da exploração da costa ocidental africana.
Em África, os Portugueses encontraram povos de raça negra, que se organizavam em reinos e tribos, com línguas e costumes muito diferentes. Com eles os Portugueses estabeleceram trocas comerciais, comprando ouro, marfim, malagueta e escravos e vendendo tecidos, adornos, trigo e sal. O comércio era feito por troca direta. Junto à costa, nas regiões de maior comércio, foram construídas feitorias e fortalezas, locais de comércio fixo, com armazéns para guardar os produtos.
Na Ásia, os Portugueses depararam-se com civilizações antigas, como a indiana, a chinesa e a japonesa. Apesar dos costumes exóticos, tinham um elevado nível de desenvolvimento. O principal objetivo dos Portugueses na Ásia era o comércio das especiarias. No entanto, não foram muito bem recebidos pelos indianos, que estavam habituados a comercializar com os Muçulmanos.
D. Manuel, para garantir o domínio no Índico, nomeou um vice-rei da Índia, ou seja, um governador. Os mais importantes foram D. Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque. Foram enviados soldados e missionários para defender e cristianizar as populações nativas. Desta forma, os Portugueses expandiram-se rapidamente: chegaram à China, ao Japão, às Molucas, a Timor e a Macau. Destas terras traziam especiarias e produtos de luxo, como sedas, porcelanas e perfumes, que pagavam com ouro e prata. Para organizar as trocas comerciais também foram construídas feitorias.
No continente americano, os Portugueses exploraram o Brasil, habitado por tribos de ameríndios. Inicialmente, o território brasileiro não despertou grande interesse; os Portugueses apenas exploraram o pau-brasil e o comércio de animais exóticos. Só quando os lucros do comércio com o Oriente diminuíram é que a colonização brasileira se tornou uma prioridade. Em 1535, D. João III dividiu o Brasil em capitanias, para que os capitães-donatários tratassem de povoar e explorar as terras. Iniciou-se a produção de açúcar e o cultivo da banana, com recurso a mão de obra escrava, de origem índia e africana. Em 1549, o rei criou o cargo de governador-geral, tendo nomeado para o cargo Tomé de Sousa. Foi ele que levou para o Brasil os primeiros jesuítas, responsáveis por transmitir a religião cristã, a língua e os costumes europeus aos indígenas.
A cidade de Lisboa, capital do Império, cresceu durante o século XVI, fruto do dinamismo do Império Português. O seu porto ligava as rotas entre a Europa, África, Ásia e América. Nas suas ruas via-se gente muito diferente: mercadores e banqueiros europeus, marinheiros, aventureiros e escravos negros. Para melhor controlar o tráfico comercial, o rei D. Manuel mandou construir a sua residência - o Paço Real - e a Casa da Índia junto ao Tejo. Os lucros gerados pelo comércio marítimo proporcionaram uma vida de luxo a nobres e burgueses; no entanto, as classes populares continuavam a viver na miséria.

Os efeitos e consequências da expansão marítima
A expansão marítima facilitou a ligação da Europa a outros continentes. Foram descobertas novas terras, mares, povos, animais e plantas. Trocaram-se produtos, incluindo alimentos – como a malagueta e o café de África, o chá e as especiarias da Ásia, o milho e a batata da América – introduzidos na dieta alimentar europeia.
O contacto com outros povos originou trocas de costumes, formas de vida, conhecimentos e técnicas. Dessas influências destacam-se: a religião cristã, que se expandiu graças à ação dos missionários, e a língua portuguesa, que ainda hoje é falada no Brasil, em vários países africanos e em Timor.
Para povoar e explorar os novos territórios, era necessária muita mão de obra. Por isso, muitos escravos africanos foram levados para o Brasil, onde eram tratados como mercadoria. Por sua vez, muitos colonos portugueses juntaram-se com mulheres de outros continentes, dando origem ao aparecimento de populações mestiças. Nos locais onde os Portugueses permaneceram por mais tempo, ainda é possível vermos várias construções por eles edificadas, sendo a sua maioria igrejas.
Com as descobertas marítimas, desenvolveu-se também a ciência, a arte e a literatura. Registaram-se avanços nos domínios da Astronomia e da Matemática, tendo aí se destacado Pedro Nunes. Duarte Pacheco contribuiu para o desenvolvimento da Geografia e Garcia de Orta destacou-se na Botânica, pesquisando sobre as plantas utilizadas para fins medicinais e contribuindo para o avanço da Medicina. A Cartografia e a Zoologia também registaram conhecimentos notáveis. Na literatura, protegida pelo rei, desenvolveu-se a poesia, o teatro e os relatos de viagens. Luís de Camões escreveu Os Lusíadas, uma obra em verso, cuja ação central é a viagem de Vasco da Gama à Índia.
Na arte, desenvolveu-se, no reinado de D. Manuel I, o estilo manuelino, caracterizado pela decoração com motivos marítimos e vegetais e símbolos do rei e do reino, sendo exemplos deste estilo a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos e a janela da Sala do Capítulo do Convento de Tomar. Para além da arquitetura, também se desenvolveram outras manifestações artísticas manuelinas, por exemplo, ao nível da ourivesaria e do mobiliário.

A perda da independência portuguesa em 1580
Após a morte de D. João III, sucedeu-lhe o seu neto, D. Sebastião, que tinha apenas 3 anos. Em 1568, quando completou 14 anos, deu início ao seu reinado, sonhando combater os Muçulmanos no Norte de África. Organizou um grande exército e, em 1578, partiu para Marrocos. No entanto, na Batalha de Alcácer Quibir, os Portugueses foram derrotados, sendo mortos ou feitos prisioneiros e D. Sebastião desapareceu, deixando o trono sem descendentes…
Sucedeu-lhe o seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique que, para além de ser membro do clero, estando por isso, impedido de casar, já tinha uma idade avançada. Após a sua morte, em 1580 apresentaram-se três pretendentes ao trono, todos netos de D. Manuel: Filipe II, rei de Espanha, D. Catarina de Bragança e D. António, prior do Crato. Filipe II era apoiado por grande parte do clero, nobreza e burguesia, que pretendiam obter mais cargos e privilégios. D. António era apoiado pelo povo e algumas cidades chegaram a aclamá-lo rei; porém, o exército de Filipe II invadiu Portugal e derrotou as tropas de D. António na Batalha de Alcântara, em 1580. D. António fugiu para os Açores, onde, a partir da ilha Terceira, continuou a resistir aos Castelhanos. Porém, em 1581, Filipe II foi aclamado rei de Portugal nas Cortes de Tomar…

O domínio filipino em Portugal
Em 1581, Filipe II de Espanha foi aclamado rei de Portugal, unindo os dois reinos. Nas Cortes de Tomar, o novo rei comprometeu-se a manter as leis, a língua e a moeda portuguesa; respeitar os usos e costumes nacionais; e entregar o governo e administração do reino e do Império apenas a Portugueses. Iniciava-se assim, a União Ibérica, período de 60 anos que corresponde à dinastia filipina, ou seja, ao reinado de Filipe I, Filipe II e Filipe III.
Nos reinados de Filipe II e Filipe III, as promessas feitas em Tomar não foram respeitadas. A Espanha estava em guerra com a Inglaterra, a França e a Holanda e os soldados portugueses foram envolvidos nos conflitos castelhanos. O povo viu os impostos a aumentar e as colónias portuguesas eram atacadas pelos inimigos de Espanha.
A população portuguesa manifestava o seu descontentamento com motins e revoltas, como foi o caso da “Revolta do Manuelinho”, em Évora.

A Restauração da Independência
A 1 de dezembro de 1640, um grupo de 40 nobres iniciou uma revolta contra o domínio filipino. Invadiram o Palácio Real e mataram D. Miguel de Vasconcelos, o secretário de Estado. A Duquesa de Mântua, representante de Filipe III, foi presa. De seguida, proclamaram a independência de Portugal e a 15 de dezembro, nas Cortes de Lisboa, D. João, duque de Bragança, foi aclamado rei de Portugal, dando início à quarta e última dinastia portuguesa: a dinastia de Bragança.
Filipe III não tolerou esta revolta e invadiu Portugal. D. João IV preparou-se para enfrentar o exército castelhano: formou um grande exército, construiu fortes e fortalezas junto à fronteira e enviou embaixadores para o Papa e para os vários países da Europa, procurando aliados.
As guerras da Restauração duraram 28 anos. Em 1668, com a assinatura do tratado de paz de Madrid, os Espanhóis reconheceram finalmente a independência de Portugal.
Após a Restauração da Independência, Portugal conseguiu recuperar alguns territórios que estavam ocupados por estrangeiros e expulsou os Holandeses de Angola e do Brasil, momento importante para a economia nacional, pois este era a principal colónia portuguesa da época.


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