O ESTADO NOVO (1933 – 1974)
A ascensão de Salazar
A situação económica de Portugal continuava grave após o golpe militar de 1926. Por esse motivo, o Presidente da República, Óscar Carmona, convidou em 1928, António de Oliveira Salazar para ministro das Finanças com o objetivo de melhorar as contas do País.
Com a aplicação destas medidas, o saldo das contas públicas passou a ser positivo e Salazar passou a ser visto como o “Salvador da Pátria”. Oliveira Salazar aceitou o convite e, para resolver o problema financeiro com que Portugal se debatia, pôs em prática uma série de medidas, das quais se destacam:
aumentou os impostos; reduziu as despesas na saúde, na educação e na assistência social; efetuou cortes nos salários dos funcionários públicos e incentivou as exportações.
Por isso, em 1932, Salazar foi nomeado presidente do Conselho de Ministros, cargo que ocupou durante várias décadas mas que abandonou por questões de saúde.
Ainda na sequência da aplicação de um plano de crescimento económico, Salazar promoveu a construção de obras públicas, com o objetivo de criar emprego e aumentar o consumo. São exemplos destas obras as pontes da Arrábida e Salazar; a barragem de Castelo de Bode; o Estádio Nacional e os hospitais de S. João e Santa Maria. Apesar do esforço feito no sentido de melhorar a situação económica do País, muitos Portugueses emigraram, principalmente para França e Alemanha, à procura de emprego e melhores condições de vida.
O Estado Novo
Em 1933 foi aprovada uma nova Constituição e com ela um regime que deu origem à expressão “Estado Novo”, que durou até 1974.Com a nova Constituição, Salazar passou a governar de uma forma autoritária e ditatorial.
Este documento definia uma nova organização do poder, que assentava em quatro órgãos de soberania: o Presidente da República, a Assembleia Nacional, os tribunais e governo, que passou a ser o órgão de soberania com mais poder. No texto constitucional, ficou ainda definido que a Assembleia Nacional deveria ser constituída por um partido único - a União Nacional.
Modo de atuação do regime do Estado Novo
O Estado Novo utilizou um sistema organizado de propaganda, para formar uma sociedade obediente. Para garantir o apoio da população e o reconhecimento dos outros países, o regime utilizou a imprensa e organizou grandes exposições, sobre os feitos dos Portugueses.
A ação repressiva do Estado Novo
Durante o Estado Novo foram desrespeitadas as liberdades dos cidadãos. A PIDE perseguia e prendia todos os que criticassem o regime. Estes presos políticos eram enviados para estabelecimentos prisionais, como os Fortes de Peniche e Caxias, ou para a colónia Penal do Tarrafal, onde eram interrogados e torturados.
A Legião Portuguesa foi criada para defender a Nação contra a ameaça dos opositores .
O governo de Salazar tinha um controlo rigoroso sobre os programas escolares. Os alunos estudavam por livros escolhidos pelo regime onde eram transmitidos os valores defendidos pelo estado Novo. A par da ação do ensino, a Mocidade Portuguesa era uma organização juvenil à qual pertenciam, obrigatoriamente, todos os jovens entre os 7 e os 14 anos e aos quais eram incutidos os valores de obediência ao Estado Novo e do dever militar.
A oposição ao regime
Apesar das perseguições e condenações, os adversários do regime organizaram-se clandestinamente. Formavam este movimento, o Partido Comunista Português (PCP) e o Movimento de Unidade Democrática (MUD), que desempenharam um papel fundamental na oposição à ditadura. As más condições de trabalho, o desemprego e o trabalho infantil eram agravados pela proibição do direito à greve e pela falta de liberdade de expressão. Em termos políticos, o principal momento de oposição ao regime ocorreu durante as eleições de 1958, para a Presidência da República, às quais concorreram o almirante Américo Thomaz, pelo regime, e o general Humberto Delgado, candidato da oposição. Humberto Delgado obteve um forte apoio popular, mas, após a contagem dos votos, Américo Thomaz, foi o candidato eleito.
Durante a década de 60, do século XX, milhares de estudantes universitários manifestaram-se contra a falta de liberdade. A oposição contou ainda coma participação de políticos, escritores, artistas e intelectuais que, através das suas ações e obras artísticas, lutaram contra a ditadura e pela defesa da liberdade.
A chegada ao governo de Marcello Caetano
Por motivos de saúde, Oliveira Salazar afastou-se do poder e, por essa razão, em 1968,o Presidente da República nomeou Marcello Caetano para chefe do Governo. Os primeiros anos ficaram conhecidos por “Primavera Marcelista”, por se ter verificado um abrandamento da censura e da ação da polícia política, criando no País uma expectativa de mudança. No entanto, os portugueses continuavam a viver num regime que não respeitava os direitos humanos.
A Guerra Colonial
Durante a década de 60, do século XX, algumas potências europeias reconheceram a independência às suas colónias. Mas, o regime ditatorial em Portugal continuava a considerar que as suas colónias eram parte do território nacional e, como tal, continuavam a ser controladas por si.A intransigência em negociar a independência das colónias em África e na Ásia envolveu Portugal num conflito militar que se prolongou por vários anos e que ficou conhecido por guerra colonial. Durante o conflito, morreram e ficaram feridos milhares de soldados e guerrilheiros. As elevadas despesas militares e o isolamento que Portugal sofreu originaram um ambiente de profundo descontentamento da população portuguesa.