sábado, 6 de maio de 2017

resumo para o teste de HGP - a crise do século XIV e início da expansão portuguesa


RESUMO PARA O TESTE - A CRISE DO SÉCULO XIV - A EXPANSÃO PORTUGUESA 


1383-85 - Um Tempo de Revolução
A crise económica e social

Na segunda metade do século XIV, Portugal viveu tempos difíceis:

-Más condições climatéricas, que destruíram as colheitas e provocaram fomes;

-Guerras com Castela;

a má alimentação da população fazia com que tivessem menos defesas e apanhassem doenças, especialmente a Peste Negra.

A Peste Negra foi uma grande epidemia que alastrou por toda a Europa; em Portugal matou cerca de um terço da população (500 000 pessoas).

Para melhorar a situação da agricultura e evitar o abandono dos campos, D. Fernando publicou:

A Lei das Sesmarias: obrigava todos os donos de terras a fazê-las cultivar, sob pena de ficarem sem elas, e obrigava mendigos e vadios a trabalharem, sobretudo na agricultura.

Para proteger o comércio externo, fundou a Companhia das Naus: uma espécie de seguro destinado aos que perdessem os barcos.

Contudo, a situação do país agrava-se com a morte de D. Fernando, em 1383.

CRISE POLÍTICA

Quando D. Fernando morre, sua filha D. Beatriz estava casada com D. João, rei de Castela.

O acordo de casamento (Tratado de Salvaterra de Magos), para garantir a independência de Portugal, previa que, até o filho de D. Beatriz ter catorze anos, seria regente D. Leonor Teles.

D. Leonor manda aclamar D. Beatriz como rainha e tem como conselheiro um fidalgo galego: o Conde Andeiro.

Esta situação, aliada às dificuldades económicas, vai dividir a sociedade portuguesa:

de um lado, a maioria da nobreza e do clero aceitam D. Beatriz como herdeira legítima;

do outro, o povo e, sobretudo, a burguesia, não a aceitam e revoltam-se, receando a perda da independência do reino. A burguesia, chefiada por Álvaro Pais, e tendo do seu lado o povo de Lisboa, prepara então uma conspiração para matar o Conde Andeiro e escolhe D. João, Mestre de Avis, para executar essa tarefa.
O Mestre de Avis tinha fácil acesso ao Paço da Rainha uma vez que era filho (ilegítimo) do rei D. Pedro.

A invasão castelhana

Perante o clima de revolta que se vive, D. Leonor foge para Santarém e pede ajuda ao rei de Castela.

Receando a invasão castelhana, o povo de Lisboa escolhe o Mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino. A burguesia também o apoia, sobretudo com dinheiro para preparar o exército.

O rei de Castela invade então Portugal. A chefiar o exército português está D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável. Os portugueses vencem a Batalha dos Atoleiros, no Alentejo, utilizando a táctica do quadrado (que vem a ser novamente usada na Batalha de Aljubarrota).

O rei de Castela cerca Lisboa e quase vence, mas tem de levantar o cerco devido a uma epidemia de peste.

Entretanto, e dada a gravidade da situação, reúnem-se Cortes em Coimbra em 1385, onde o jurista João das Regras prova que, de todos os candidatos, o Mestre de Avis é quem tem direito a ser rei de Portugal.

O rei de Castela, sabendo da aclamação de D. João como rei, invade de novo Portugal, travando-se então a Batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), tendo vencido os portugueses, apesar de serem em menor número.

Para comemorar esta vitória, D. João I mandou construir o Mosteiro da Batalha.

A consolidação da independência

Tudo o que se passou entre 1383 e 1385 provocou profundas alterações na sociedade portuguesa.

Parte da nobreza que apoiara D. Beatriz fugiu para Castela, perdendo bens e privilégios. Os que apoiaram o Mestre de Avis foram recompensados com terras e títulos de nobreza e a burguesia passou a ter como tanto queria, mais influência na política do país.

D. João I, que dá início à segunda dinastia - a Dinastia de Avis - fez um tratado de amizade com Inglaterra (o mais antigo tratado da Europa) e casa com D. Filipa de Lencastre (da família real inglesa).

Em 1411 é finalmente assinado um tratado de paz com Castela.

Resolvida a crise política, faltava agora resolver a crise económica.

Portugal, com esta "nova geração de gentes", vai iniciar a grande aventura dos Descobrimentos.

A EXPANSÃO PORTUGUESA

A Crise do século XIV e as Condições para a Expansão Marítima Portuguesa

Como te recordas, Portugal no século XIV viveu um período de crise através da fome, da Peste Negra e das guerras Fernandinas, ao que se seguiu a revolução de 1383-85.

Assim, no início do século XV, Portugal era um reino independente, em Paz, com uma nova Dinastia, a de Avis, mas pobre devido:

• à escassez de cereais que aí persistia;

• ao querer pôr fim ao benefício que os comerciantes muçulmanos possuíam, devido às relações comerciais que efectuavam entre a Europa e o Oriente;

• à falta de ouro, necessário para as trocas comerciais.


Tendo realizado um tratado de paz com Castela em 1411, Portugal não podia conquistar terras castelhanas, logo as atenções portuguesas voltaram-se para a expansão marítima.

A procura de novas terras interessava a todos os grupos sociais:


A NOBREZA queria aumentar os seus domínios senhoriais e obter novos cargos e títulos;

. O CLERO pretendia espalhar a Fé Cristã em territórios de infiéis;

A BURGUESIA pretendia obter mais lucros fazendo comércio em novos territórios, com novos e mais produtos;

O POVO tinha a esperança de melhorar as suas condições de vida;

Por fim, o REI queria resolver os problemas do reino.
CONDIÇÕES QUE TORNARAM POSSÍVEL OS DESCOBRIMENTOS:

As Condições naturais: uma boa localização geográfica; uma extensa linha de costa; a existência de bons portos naturais.

As Condições humanas: povo habituado a lidar com o mar, devido à pesca e ao comércio marítimo com o Norte da Europa e o Mar Mediterrâneo; conhecimentos adquiridos, que resultaram do contacto com outros povos, como os Árabes, sobre o uso de instrumentos, os astros e o cálculo matemático.
Embora Portugal tivesse todas estas condições favoráveis para se lançar na expansão marítima, precisava de superar ainda os medos e as superstições que havia naquela época. De facto, o conhecimento sobre o mundo era muito pequeno. No início do século XV, os europeus, além do seu continente, sabiam da existência de uma pequena parte do Norte de África e de uma parte da Ásia.

Esse desconhecimento levou ao surgimento de Lendas. Dizia-se por exemplo que os barcos que navegassem para sul da costa africana seriam engolidos pelo “Mar Tenebroso”. Nessa zona, existiriam grandes ondas, monstros marinhos, o mar ardia como fogo e o calor seria tanto que os homens brancos ficavam pretos. Outras Lendas diziam as terras a sul do cabo Bojador seriam povoadas por seres fantásticos e maravilhosos, como animais estranhos e homens monstruosos, com um só olho, com cabeça de cão, sem cabeça, com uma só perna que atacavam quem se aproximasse.

Todas estas Lendas e personagens misteriosas incutiam o medo nos navegadores, que os impediam de navegar no oceano Atlântico, tornando assim os Descobrimentos portugueses numa aventura incomparável. As viagens portuguesas significaram o fim de muitas Lendas e imprecisões sobre mares, terras e povos longínquos.

Instrumentos e Técnicas de Navegação

Ao longo do século XV, os portugueses utilizavam uma navegação de cabotagem, utilizando barcos pequenos com um único mastro com uma vela quadrangular como o barinel e a barca. Estas embarcações não permitiam superar as dificuldades de navegar para sul com baixios, ventos e as correntes marítimas desfavoráveis.

Para superar estas dificuldades era necessário abandonar a navegação costeira e avançar para o mar alto, passando a navegação a ser feita pelos Astros, a chamada navegação astronómica, orientada pela Estrela Polar (hemisfério norte) e pelo Cruzeiro do Sul (hemisfério sul), através da utilização de novos instrumentos como o astrolábio, a balestilha, o quadrante e a bússola.

O quadrante permitia determinar a distância entre o ponto de partida e o lugar onde a embarcação se encontrava, cujo cálculo se baseava na altura da Estrela Polar. Tinha a forma de um quarto de círculo, graduado de 0º a 90º. Na extremidade onde estavam marcados os 90º tinha duas pínulas com um orifício por onde se fazia pontaria ao astro. No centro tinha um fio de prumo. Observando a posição do fio de prumo lia-se a graduação que indicava a altura do astro.

O astrolábio servia para medir a altura dos astros, para permitir que fosse calculada a latitude. Era mais vantajoso que o quadrante, não só porque era mais fácil trabalhar à luz do dia, mas também pelo facto de a Estrela Polar não ser visível no hemisfério sul.

A balestilha que ajudava a determinar a latitude a que um navio se encontra. Mede a altura de um astro ou a distância angular entre dois astros.

A bússola que permite definir a direcção e o rumo a seguir.

Os dados recolhidos por estes instrumentos eram anotados e usados na elaboração de cartas náuticas, que continham indicações para a navegação, como as linhas de rumo.

Simultaneamente assistiu-se ao desenvolvimento da matemática, da astronomia e da cartografia.

Por outro lado, surgiu um novo tipo de barco, a Caravela, que era mais rápida e leve, possuía dois ou três mastros com velas triangulares que permitia bolinar, isto é navegar com ventos contrários.

Ceuta, uma cidade apetecível

Ceuta no Norte de África era uma cidade famosa no século XV. Desta cidade vinham para a Europa numerosas mercadorias como ouro, marfim, escravos e especiarias (pimenta, noz-moscada, canela, cravinho...), através de Rotas Comerciais dominadas pelos Muçulmanos, que provinham do Oriente ou do centro de África.

A cidade de Ceuta além da sua importância económica, representava também um importante ponto estratégico devido à sua localização geográfica, no Estreito de Gibraltar, entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico. Quem a dominasse controlaria a entrada e saída de barcos no Mar Mediterrâneo.

Perante estes factos, a expansão marítima portuguesa virou-se para esta cidade. Assim, em 1415 D. João I acompanhado pelos filhos mais velhos, D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique, partiu de Lisboa a comandar uma forte armada que tinha como destino o norte de África, para conquistar Ceuta. A sociedade pensava que com a conquista desta cidade traria a solução para muitos dos seus problemas. Uns queriam espalhar a Fé Cristã, outros possuir mais terras e cargos e outros apenas melhorar as suas condições de vida.

Os Mouros foram apanhados de surpresa, sendo que, em apenas um dia a cidade de Ceuta foi conquistada e ficou nas mãos dos portugueses.

Era o início da Expansão Portuguesa, ou seja, o alargamento do território português para outros continentes.

O que parecia a ser um enorme sucesso veio a revelar-se um fracasso, não resolvendo os problemas portugueses, pois os Árabes desviaram as rotas comerciais para outras cidades e passaram a atacar Ceuta. Estes factos fizeram com que Portugal tivesse mais despesas do que lucros, para manter a cidade de Ceuta.

Portugal e Castela vão lutar pelo domínio dos territórios descobertos, sendo que estes conflitos só são resolvidos com a intervenção do Papa que levou os dois reinos a assinar o Tratado de Tordesilhas em 1494. Com esse tratado o mundo ficava dividido por um meridiano que passava a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde. Ficando as terras descobertas a oriente desse meridiano para Portugal e as descobertas a ocidente para Castela.

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